Como é chato ser gostosa!




“Maria Lucia era uma menina linda e o coração dele pra ela o Santo Cristo prometeu...” Até mesmo o personagem durão da música da Legião Urbana se rendeu aos encantos de uma bela mulher. E se repararmos bem na letra dessa música, parece que a beleza era tudo que a tal Maria Lucia tinha. E precisa de mais alguma coisa?
Para muita gente a beleza excessiva ou a busca por ela torna-se um objetivo ou uma missão de vida! Particularmente, já vi muita gente bonita, assim como já vi muita gente feia; Já vi algumas pessoas lindas, vi algumas muitas pessoas horríveis... Faz parte do nosso dia a dia.
Mas há alguns dias conheci uma garota que é unanimidade entre os mortais. Eu mesma admito ter ficado bestificada com sua beleza. Não fui a única. A menina é realmente um encanto.
Desde que a conheci percebi que todos os homens ficam loucos quando a vêm, até os gays, até os gays mais passivos já vieram me dizer que por ela “trairiam a causa” uma vez ou outra. E até algumas mulheres mais “fora de suspeita” declararam que “jogariam no outro time” se ela quisesse. Quanto às lésbicas que conheço, não vou nem falar.
Enfim, com todo esse alvoroço, eu, só por conhecer essa garota, que chamarei aqui de Maria Lucia, virei alvo desse povo enlouquecido: quem é ela? Ela tem namorado? Ela mora aonde? Ela tem namorada?
Fico besta como essa criatura pode fazer tanto sucesso. Minha primeira impressão foi que ela, por ser assim, tão... tão... “Gostosa”, como dizem, fosse uma pessoa esnobe e convencida.
Nem é! A garota se preocupa em ter algo mais além de uma bela embalagem. E mesmo com todo esse sucesso, descobri que, na verdade, Maria Lucia sofria muito.
Imagine você não poder sair de casa sem ouvir uma cantada (vale salientar que as cantadas nem sempre vêm de um loirinho escultural de olhos verdes), sem ouvir uma piadinha, sem ter um “fã” pra te seguir... E como fazer pra se livrar de certos tipos? Até psicopata apareceu na vida dela. Na escola era odiada pelas colegas que faziam planos maquiavélicos para desfigurar seu rosto por inveja de seus atributos. Não tinha paz a pobrezinha! E o pior, não importava o que fizesse, não conseguia ficar feia.
Certo dia, cansada dessa vida e de todo esse assédio, ela parou, olhou-me fixamente, e disse: “Poxa, como é chato ser gostosa!”.
Foi a primeira vez que vi verdade nessa frase...

[CONVIDADO] Ellen Dias é jornalista e poeta, integrante do projeto Novos Poetas: www.movimentonovospoetas.blogspot.com

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